Minas Gerais é um estado que oferece diferentes tipos de turismo. Cultura, natureza, história, gastronomia e às vezes tudo junto no mesmo lugar.
Lapinha da Serra é um lugar que não conhecíamos e seria uma viagem de casal. Planejamos a data, escolhemos a pousada e saímos decididos a curtir a estrada, parar quando desse vontade, e aproveitar ao máximo a oportunidade para fazermos, juntos, programas que não fazíamos há muito tempo.
Foi uma mini road trip, fomos apreciando a paisagem e tirando fotos… Aliás devíamos prestar mais atenção nos caminhos que percorremos, eles nos oferecem ótimas oportunidades de agradecer pelas maravilhas que temos no nosso país e no nosso Estado.
Nossa primeira parada foi para um lanche e a segunda em Santana do Riacho, município ao qual o distrito de Lapinha da Serra pertence. Depois fizemos mais algumas paradas só para fotos.
Santana do Riacho surgiu no século XVIII e como toda cidadezinha do interior, no centro tem uma Igreja, neste caso amarela, e uma praça ladeada por casas e comércios. Lá não seria diferente.
Lapinha da Serra e Serra do Cipó, apesar de serem distritos de Santana do Riacho, são mais famosos e mais visitados do que a própria cidade. Uma curiosidade é que o município faz parte da “Grande Região Arqueológica de Lagoa Santa”, possuindo vários sítios arqueológicos que comprovam que houve existência de humanos no local há mais de 10 mil anos. Alguns desses sítios estão dentro do Parque Nacional da Serra do Cipó, o principal atrativo do destino, devido ao grande número de rios, cachoeiras, cânions, lagoas e à sua rica fauna e flora.
A 12 km de estrada de terra de Santana do Riacho, está Lapinha da Serra. Diferentemente de outros distritos e vilas, Lapinha não é um lugar que tudo se concentra no centrinho. São ruelas compridas adentrando a serra, e que, de repente não tem saída e você se vê meio perdido naquela natureza exuberante.
Na verdade, ao invés de perdido, a gente se acha. É um encontro com a paz, o sossego, o silêncio e com as belezas naturais. E ao longo dessas ruelas, encontram-se as casas dos moradores, as casas para aluguel de temporada e restaurantes charmosos. Não deixa de ter um “miolo” , com uma pequena igreja no meio de uma área gramada e alguns bares, mercearias e lojinhas.
Mas é explorando a vila, que você se surpreende. Em Lapinha a desconexão com o mundo aqui fora é inevitável: não há sinal de telefone e de internet. Você pode até achar um wi fi nas pousadas, mas sinal de telefone, nem pensar.
É um destino perfeito para quem quer descansar, para quem gosta de esportes de aventura, para quem ama a natureza e que aprecia uma boa gastronomia. Espalhadas pela cidade, encontramos algumas placas como: “Respeite nossos costumes”, “Traje de banho? Só na cachoeira… Na vila é desrespeito”. “Não é permitido som automotivo”.
E aí? Precisa falar alguma coisa?
Nossa maior surpresa foi quando chegamos na Pousada Vila dos Fundos, bem perto do “miolo” e ao mesmo tempo completamente afastado de tudo. A pousada fica em um lugar privilegiado. Na frente, a represa que é formada por 2 lagos, e ao lado e no fundo, os paredões da serra. É de uma beleza e de uma energia impressionante.
Fomos recebidos com o maior carinho pela proprietária, a Francisca, e mais tarde conhecemos seu marido, o Marcos. Um casal que largou a vida em uma cidade maior para viver o sossego da Lapinha.
A Pousada tem 5 chalés, e na sua capacidade máxima abriga 20 hóspedes, o que faz com que todos tenham privacidade. São chalés rústicos, charmosos, muito limpos. O cuidado que os proprietários têm com os hóspedes, está representado nos pequenos detalhes.
O café da manhã é um assunto à parte, todo preparado pela Chica. Bolos, pães de queijo, sanduíches, sucos naturais, salada de frutas e mais uma infinidade de quitandas caseiras. Tudo delicioso…
Dos bares e restaurantes que conheci, estes abaixo são os que indico. Porém existem outros que não tivemos a oportunidade de visitar.
A Forneria, é uma pizzaria muito charmosa, que nos foi indicada por várias pessoas. Realmente a pizza é deliciosa, de massa bem fininha. Se quiser um vinho para acompanhar, peça. Apesar de não terem uma carta, descobrimos que eles tinham vinhos para servir.
Outro lugar que fomos e que amamos foi o Bemdito, um restaurante bem em frente à igreja, com vinhos de várias procedências, petiscos deliciosos e um mexidão de dar água na boca.
Uma especialidade da casa são as cachaças de vários sabores e com infusões de ervas. A decoração é bem interessante. Gostamos tanto que fomos 2 vezes.
O Bar da Valéria, bem na praça da igreja, é um lugar delicioso para ir durante o dia ou para um happy hour. Ideal para tomar uma cerveja ou um drink e apreciar o movimento. Os petiscos são deliciosos, especialmente o torresmo de barriga.
Os passeios de natureza se dividem entre subir o Pico da Lapinha, tomar banho de cachoeira em uma das inúmeras que tem por lá, visitar o poço do Soberbo ou do Boqueirão, conhecer os sítios arqueológicos e fazer as trilhas próximas ou longas a pé, a cavalo ou de bike.
Durante o tempo que ficamos lá choveu muito e não conseguimos fazer trilhas ou ir às cachoeiras. Em um único dia de sol, subimos a serra para ver de perto uma delas, a Cachoeira do Rapel. Uma trilha pequena com uma subida de aproximadamente 800 metros, mas bem íngreme. A vista lá de cima compensa todo o esforço. Os lagos entremeados pelo rio, a cachoeira, a vegetação, tudo lindíssimo!
Não foi uma viagem de pesquisa, então não me preocupei em conhecer todos os atrativos e anotar todos os detalhes. Queria vivenciar o lugar, ter sensações, apurar os cinco sentidos…
Ficou a simpatia por um povo hospitaleiro, que tem um profundo respeito pelo meio ambiente, que se preocupa com preservação e sustentabilidade.
Ficou a gratidão por uma natureza tão exuberante.
Ficou na memória o barulho das águas, do vento e do silêncio.
Ficou na lembrança o cheiro de terra molhada.
Ficou a água na boca ao lembrar das comidas, doces e quitandas.
Ficou um calor de aconchego no coração.
E eu queria muito dividir isso com vocês…
Raquel Pizani
30/10 a 02/11/2020
